Quem nunca ouviu falar da Amazonas? Apesar de presença rara nas ruas e estradas, a moto brasileira com mecânica Volkswagen refrigerada a ar ficou mundialmente famosa, por essa peculiaridade e por sua exuberância de dimensões e peso.
No final da década de 70, dois amigos de São Paulo decidiram construir uma motocicleta. Para tanto, adaptaram um conjunto mecânico (motor e câmbio) Volkswagen 1200cc do Fusca em um quadro montando com partes de uma Harley-Davidson e de uma Indian (motos americanas).
Os dois malucos de quem estamos falando são Luiz Antonio Gomi e José Carlos Biston.
Em dos muitos encontros motociclisticos que existem pelo Brasil se você encontrá-lo certamente ouvirá a história de como surgiu a idéia de construir uma moto com o motor VW, segundo palavras do próprio Luizão:
"… Eu tinha uma Harley e um Fusca. Todas as vezes que eu saia de Harley sempre ocorriam pequenos problemas: Você sabe como é quebrava uma corrente, descarregava a bateria e etc… e sempre quem ia como socorro era o meu fusquinha. Ai eu pensei, VOU COLOCAR O MOTOR DO FUSCA NA HARLEY…. Ele nunca quebra!!!…"
E assim com este pensamento simplista surgiu o maior mito das estradas brasileiras.
Historia da Amazonas
A ideia de se construir uma motocicleta com motor VW, não foi exatamente iniciada com a Amazonas. No início dos anos 70, os mecânicos Luiz Antonio Gomi e José Carlos Biston, construiram uma máquina de 330 quilos com motor VW a ar de 1500 cc, cujo volante do motor fora aliviado, pois a moto, inicialmente, tinha a tendência de inclinar-se em demasia quando acelerada. O câmbio também era da marca alemã, tendo a marcha-a-ré em alavanca à parte, a fim de não confundí-la com as outras marchas, que eram acionadas pelo pé esquerdo, como em qualquer outra moto.
A suspenção traseira tinha duas molas auxiliares, paralelas às originais e, na dianteira, contava com dois amortecedores de direção do fusca, que foram colocados lateralmente aos telescópicos dianteiros, enquanto o sistema de freios era composto por dois discos de Ford Corcel na frente e apenas um atrás, com pinças de VW Variant, sendo usado o cilindro mestre do Fusca.
A estrutura foi feita com pedaços dos quadros de uma Harley e de uma Indian 1200 de 1950, enquanto a parte inferior foi construida artesanalmente e, incrível, foi aprovada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP. Posteriormente, para a fabricação do protótipo, que ostentava detalhes como o painel do Chrysler Esplanada e tanque em forma de caixão, os dois amigos instalaram uma oficina em São Paulo, na Av. Dr. Salomão Vasconcelos 668, e construiram mais três Motovolks, cujo paradeiro é, hoje, desconhecido.
Mas a história nao termina aqui. Um grupo de São Paulo, a FERREIRA RODRIQUES, interessou-se pelo projeto dos mecanicos, então nasceu, em 1978, a lendária AMAZONAS, única moto com marcha-a-ré, que foi considerada na época, a maior motocicleta do mundo. Foi a maior febre em todo o Brasil, pois nesta época, não havia importacao de motos no Brasil, e tínhamos de conformar-nos com algumas motos nacionais de baixa cilindrada.
Deste modo, surgiu a "Amazonas Motocicletas Especiais – AME", empresa fundada em 15 de agosto de 1978, no bairro da Penha (SP).
A produção dos modelos da marca iniciou-se, entretanto, apenas trinta e dois dias depois da criação da AME, que comecou a construir os modelos Turismo Luxo, Esporte Luxo e Militar Luxo. A moto era uma verdadeira salada de peças de carros da época, com peças de Corcel, Fusca, Caminhao Mercedes 608, Puma e Ford. Era uma moto superdimensionada e, por isso, era muito forte e durável, coisa não muito comum nos dias de hoje… Tanto que ainda é muito comum nestes dias, ver-se umaAmazonas com várias peças originais, em perfeito estado de conservação. Ela teve até um modelo a álcool, em 1978.
Este modelo dispunha de carenagens integrais do motor, para mantê-lo em temperaturas mais elevadas. A Amazonas foi exportada para várias partes do mundo, inclusive para o Japão. Foram feitas diversas modificações durante sua existência, inclusive no chassis, suspenções, estética e motorizações, até sua total extinção, em outubro de 1988, sendo que cinco ou seis motos ainda foram montadas no ano seguinte, marcando assim, o fim do MOTOSSAURO.
Para se ter uma ideia, a Amazonas custava o equivalente a seis Honda CG125, na época em que ela era fabricada (pesquisa feita pela revista moto show em 15 de abril de 1983). Nos dias de hoje, encontrar umaAmazonas original não é tarefa das mais fáceis, pois ao longo dos anos, seus proprietários fizeram várias modificações, tanto na estética como na mecanização.
Suas linhas lembravam as das Harley-Davidsons 1200 da época. Tinha um grande tanque (24 litros), carenagens laterais atrás do motor, um largo banco, farol retangular e itens cromados em profusão. Dois porta-objetos ladeavam o pára-lama traseiro, sendo protegidos por frisos cromados; acima vinha um bagageiro também cromado.
A moto recebeu aprimoramentos durante sua vida, mas em geral discretos. No início da década era oferecido o motor a álcool, que possuía carenagem mais ampla para ajudar a manter o motor em maior temperatura. Em 1982 ganhava uma renovação de estilo, com dois faróis retangulares menores, abaixo do principal, e encosto para o passageiro. Uma opção de pintura então adotada, com faixas em azul-claro e vermelho sobre fundo branco, era um tanto chamativa e acentuava suas dimensões.
Em 1986 a AME mudava de mãos, adquirida por Guilherme Hannud Filho, mas sua história não iria muito mais longe. Em outubro de 1988 a empresa encerrava sua fabricação, com um total próximo a 450 unidades, das quais mais de 100 destinadas a polícias e escoltas. Uma delas recebeu um kit para elevar a cilindrada a 2.275 cm3, nos EUA. Apenas oito unidades de um side-car ("carro" lateral à moto) foram fabricadas.
Oito unidades receberam side-car, o "carrinho" lateral, e algumas Amazonas foram exportadas para os EUA, Japão, Kuwait e países europeus.
O espírito da Amazonas teve prosseguimento com a Kahena, moto de linhas mais atuais e esportivas com a mesma mecânica, apresentada em 1990. Mas o modelo original jamais será esquecido por suas dimensões exageradas e pela motorização peculiar.
Existem hoje, Amazonas com injeção eletrônica de combustível. As pessoas que elaboraram a Amazonas,iriam ficar boquiabertas, ao ver estas motos ainda rodando.
FICHA TÉCNICA
MOTOR – 4 cilindros horizontais opostos, 4 tempos, refrigerado a ar;
comando no bloco, 2 válvulas por cilindro.
Diâmetro e curso: 85,5 x 69 mm. Cilindrada: 1.584 cm³.
Taxa de compressão: 7,2:1. Potência máxima: 56 cv a 4.200 rpm.
Torque máximo: 10,8 m.kgf a 3.000 rpm. Dois carburadores.
Partida elétrica.
comando no bloco, 2 válvulas por cilindro.
Diâmetro e curso: 85,5 x 69 mm. Cilindrada: 1.584 cm³.
Taxa de compressão: 7,2:1. Potência máxima: 56 cv a 4.200 rpm.
Torque máximo: 10,8 m.kgf a 3.000 rpm. Dois carburadores.
Partida elétrica.
CÂMBIO – 4 marchas mais ré; transmissão por corrente.
FREIOS – dianteiro, duplo disco; traseiro, um disco (Ø ND).
QUADRO – berço duplo em aço.
SUSPENSÃO - dianteira, telescópica; traseira, duas molas.
PNEUS – dianteiro e traseiro, 5,00-16.
DIMENSÕES – comprimento, 2,24 m; largura, 1,05 m;
entreeixos, 1,69 m; capacidade do tanque, 30 l; peso líquido, 384 kg.
entreeixos, 1,69 m; capacidade do tanque, 30 l; peso líquido, 384 kg.
DESEMPENHO – velocidade máxima, cerca de 140 km/h;
aceleração de 0 a 100 km/h, cerca de 10
aceleração de 0 a 100 km/h, cerca de 10
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2 comentários:
é uma pena que não haja contexto nos dias de hoje para ideias tão brilhantes , legião,capital,cazuza,ame1600 são frutos de opreção saindo pela valvula de escape (punk is not dead)
você tem modelos em escala de motocicletas Amazonas, estou interessado para negócios, obrigado Marco
responda por favor por: papiru@me.com
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