quarta-feira, 6 de julho de 2011

O MONSTRO CHAMADO BOSS HOSS


            
  Motos com motor de automóvel são comuns, até no Brasil já tivemos uma experiência bem sucedida com a Amazonas 1600cc equipada com motor VW. Nos EUA há inúmeros modelos com esse tipo de motorização, mas um deles deu mais certo que as demais: a BOSS HOSS com mecânica V8 de Corvette.
        Estava eu no movimentado estande da Boss Hoss, pegando algumas informações sobre essas imensas motos quando perguntei para um dos engenheiros de plantão detalhes sobre o câmbio automático com apenas duas marchas. “Só duas marchas?” perguntei, e ele prontamente respondeu “sim, a rápida e a muito rápida”. Isso ilustra um pouco da filosofia por trás da Boss Ross, não é uma moto comum para gente comum, é uma moto especial para quem gosta de se destacar nas arrancadas das esquinas com sinal verde. Particularmente eu acho que é coisa de americano e para americanos, que gostam do V8 tal como gostam da Harley e das corridas de Dragsters.
Não acredito que essas motos tenham alguma chance de sucesso fora dos EUA, mas prefiro não apostar nisso. Já disse uma vez que as Harley Davidson nunca iriam fazer sucesso fora daquele país e mordi a língua, pois não só fazem um tremendo sucesso na Europa como já avançam pela China a passos largos. Sem contar o sucesso no Brasil, onde até eu mesmo já caí na tentação passei a desfilar pelas ruas com uma imensa Electra Glide. Mas vamos voltar ao imenso V8 da Boss Hoss.
Uma das características dessa moto, e talvez a grande razão do seu sucesso, é que ela realmente funciona bem. O cambio tem somente duas marchas pra frente e uma à ré, mas pelos comentários dos usuários e do pessoal que estava fazendo o “test drive” essas suas marchas são suficientes. Já existiram diversas motos nos EUA equipadas com motores V8, em Daytona havia várias delas, especialmente Choppers e triciclos, mas a Boss Hoss é diferente, ela é imensa mas não muito diferente do que uma grande japonesa, como as Honda Valkyrie ou Gold Wind, ambas com o mesmo motor de 6 cilindros e 1800cc. A fila para dar uma volta nessas motos estava demorando quase 3 horas, e eu acabei optando por andar de Victory e de Harley cujas filas eram bem menores. Se arrependimento matasse… Quando é que vou ter a chance de andar nesses gigantes novamente?
         Atualmente a linha Boss Hoss é composta de apenas 5 modelos, são 3 motocicletas e 2 triciclos que são estranhamente muito populares nos EUA, não só os Boss Hoss mas também inúmeras marcas independentes que usam plataformas Harley Davidson, Honda Gold Wind junto com seus kits de eixo traseiro. Para os modelos Boss Hoss estão disponíveis dois motores apenas, ambos V8. O “menor” tem 355HP e 5700cc (ou 350cu – polegadas cúbicas) e está disponível nos modelos BHC-3 ZZ4 e ZZ4 SS, com estilos ligeiramente diferentes. A BHC-3 502 já usa um motor maior, com “apenas” 502 cavalos a 5200rpm e 8200cc (ou 502cu). O torque é digno de um V8 americano: o modelo menor tem 405 Ft.Lbs @ 3500 rpm (55.9 kgf.m) e o maior produz 567 Ft.Lbs @ 4200 rpm (78.3 kgf.m). Vai encarar? O peso a seco dessas crianças varia de 498 kg a 589 kg dependendo do motor, e podemos acrescentar pelo menos uns 50 kg de “líquidos” para ela começar a rodar.
         
         E aí, consegue montar numa dessas? Interessante é a medida de consumo informada no site deles: a “menor” faz entre 8.5 km/l até 10.5 km/l, enquanto a maior fica na faixa de 6.5 km/l de média… Será que isso preocupa os proprietários? A autonomia não é lá muito grande, mas também não é ruim pois o tanque é relativamente grande (8.5 galões, ou 32 litros): dá pra rodar entre 200km e 300km, dependendo da motorização. Ao custo médio de 35 mil dólares a Boss Hoss não é barata, dá pra comprar duas Harley Electra Glide Ultra ou um belo carro conversível por esse preço, mas fica longe de um Corvette conversível (na faixa de 55 mil dólares) que usa o mesmo motor. É o preço da exclusividade.
            Não dá pra negar o sucesso dessa moto no mercado americano, nem que seja só pra desfilar nesses encontros de motocicletas. Em 2006 foram vendidas mais de 4 mil motos, um número surpreendente para algo tão exclusivo. Lá em Daytona se via todo tipo de gente pilotando esses monstros, até mulheres (embora elas prefiram os triciclos), e há até modelos preparados, com turbo ou compressores mecânicos, injeção de oxido nitroso, comandos de válvulas especiais, etc. Vi um cara no sinal com a moto modificada (tinha um turbo) vibrando terrivelmente sob suas pernas, coisa típica de motor mexido e marcha lenta mais alta. Quase não dava pra andar devagar com ela, para manobrar era melhor descer e pedir ajuda, mas quando o sinal abriu o safado do americano acelerou pra valer e foi embora ao som do magnífico V8 torcendo o pneu no asfalto. Eu nunca pagaria tanto por uma moto, nem nunca teria um trambolho tão grande na garagem, mas confesso humildemente que morri de vontade de dar uma voltinha.

Aliás, eu acho que eu ficaria até mais magro em cima de uma delas…


Um comentário:

Anônimo disse...

Eu teria uma com muito prazer

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